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Por Fátima Sobral Fernandes

Coragem para sustentar o sonho é preciso!


Na Semana Internacional da Mulher decidi realizar uma pesquisa expedita sobre os desafios por elas enfrentados mundo afora. E o resultado que encontrei me surpreendeu: desafios históricos ainda estão presentes em vários textos publicados em inglês, francês, espanhol e português referentes à realidade mundial. Desafios novos se colocaram e decidi escrever uma síntese sobre os achados para compartilhar com quem tiver interesse.

O empreendedorismo feminino tem crescido no Brasil e no mundo. Você sabia que 30% dos negócios privados do mundo são idealizados por mulheres? Que o Brasil conta com mais de 5,7 milhões de mulheres à frente de seus negócios, presentes em 30% das sociedades de empresas ativas? Isso indica que, apesar de todos os desafios, nós mulheres temos mostrado que somos capazes de empreender ou de nos destacar em nossas profissões.

Entretanto, muitos são os desafios para nos tornarmos empreendedoras, sobretudo em tempos de crise no Brasil e, em especial no Rio de Janeiro. Além de enfrentarmos os mesmos desafios que os demais gêneros, para nós mulheres os desafios são ainda maiores pelas barreiras sociais e sexistas que nos são impostas.

Muitas conquistas já ocorreram neste campo da superação do sexismo, no entanto, muito ainda precisa ser feito, visto que a realidade feminina no mundo dos negócios continua sendo muito mais complexa quando comparada à masculina no Brasil e no mundo. O sexismo, por exemplo, gera falta de confiança e apoio social na capacidade feminina de gerir uma empresa, que afeta a própria autoconfiança da mulher, gerando medos de fracasso e paralisia diante deles.

Além disso, contamina o sistema financeiro, que, por essas razões, dificulta o acesso das mulheres a financiamentos e a capitais de risco, apesar de elas possuírem, em média, maior nível de escolaridade que os homens aqui no Brasil, por exemplo, mesmo que em menor grau na área de gestão.

Surpreende que as linhas de crédito para empreendedoras sejam menores e mais caras. De acordo com a Rede Mulher Empreendedora, menos de 2% dos recursos de crédito mundiais são direcionados para empresas lideradas por mulheres. Vejam a desproporção: elas dirigem 30% dos negócios e recebem apenas 2% dos créditos.

Apesar de tudo isso, muitas mulheres, independentemente de suas vontades, vão ao mercado de trabalho ou tornam-se empreendedoras para garantir o sustento da família ou sua independência econômica. Aqui vale destacar que, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), as mulheres são chefes de 40% das famílias brasileiras.

O perfil predominante é o da empreendedora malabarista (40%), segundo pesquisa SERASA – Experian, aquela que sabe que o dia a dia é a verdadeira escola de “como empreender”. Contorna as dificuldades com muito otimismo e a maior motivação está em entregar um trabalho de qualidade. Para atender bem, sacrificam o tempo, deixando para depois as atividades pessoais. O desafio das “Malabaristas” é fechar o mês no azul e começar o próximo mês financeiramente melhor do que o anterior.

A dificuldade em conciliar vida pessoal e profissional em função da jornada múltipla continua a aparecer como um desafio, desde o início do século passado, indicando que as mulheres continuam como principais responsáveis pelos cuidados domésticos.

Mas afinal o que é ser uma mulher empreendedora? Há um único perfil de mulheres capazes de empreender? Em geral, espera-se que um empreendedor de qualquer gênero tenha espírito de liderança, seja autoconfiante, otimista e disciplinado. Ser perseverante também é importante, assim como saber tomar decisões difíceis, assumir riscos e ter talento para identificar oportunidades de negócios. Todas estas características são vivenciadas pelas mulheres desde sua tenra infância e podem ser desenvolvidas por meio de processos educacionais, terapêuticos ou de mentoria ou de coaching.

Cada um destes desafios, inclusive os financeiros, pode ser superado por meio da realização determinada de um plano de ação estruturado e de sua implementação persistente de forma autônoma ou assistida até obter os resultados desejados. Isto serve para mulheres do campo político, econômico, tecnológico, psicossocial ou de defesa. Entretanto, receber apoio por meio de políticas públicas que busquem reduzir essas desigualdades continua sendo fundamental.

Surpresa ao perceber que os desafios atuais das mulheres são os mesmos do início do século XX, com suas lutas por igualdade dos direitos civis e tratamento no mercado de trabalho, tomo as palavras de Cora Coralina para incentivar a que cada uma de nós mulheres, ao seu modo e com muita coragem e determinação, “aprenda com o tempo a amar a vida e não desistir da luta, recomeçar na derrota, renunciar a palavras e a pensamentos negativos”, seguir adiante e ir além.

Feliz Dia Internacional da Mulher! *Artigo publicado originalmente no portal do Clube de Engenharia: http://www.portalclubedeengenharia.org.br/info/coragem-para-sustentar-o-sonho-e-preciso



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