Vamos contribuir para tornar a média nacional de repartição das tarefas domésticas entre o casal mais justa? Só depende de cada um de nós, em especial dos homens que ainda não contribuem de modo equivalente com os cuidados da casa e da família, porque, certamente, há muitos que já contribuem. Média é assim, uns fazem muito, outros nada e na média cada um fez um pouco.
Acredito que as grandes transformações sociais ocorrem em primeiro lugar dentro de cada um de nós e, por identificação, nos juntamos a outras pessoas para dar consequência às novas práticas sociais e, assim, podemos transformar essas médias. Por que escrever sobre isso em abril de 2018?
Estimulada pela leitura do artigo, a seguir transcrito do informativo LinkedIn de abril de 2018, decidi compartilhar esta reflexão com vocês:
"Mulher com emprego trabalha mais em casa do que homem desempregado. Em 2017, informa o IBGE, os homens passaram a se envolver mais nos trabalhos do lar — mas a desigualdade segue elevada. Em média, mulheres que trabalham fora dedicaram 18,1 horas semanais às tarefas domésticas e cuidados com filhos e idosos. Esse tempo supera o investido pelos homens desempregados, que passaram apenas 12 horas por semana envolvidos nessas atividades. Na média geral, mulheres empregadas ou desempregadas ficaram 20,9 horas debruçadas sobre essas tarefas. É o dobro do tempo dedicado por eles: 10,8 horas semanais."
Se multiplicamos a média semanal de tempo a mais dedicado pelas mulheres às suas famílias e casa por 52 semanas - no ano - são 520 horas de diferença a mais trabalhadas, o equivalente a afirmar que, em média, as mulheres se dedicam cerca de 3 meses a mais do que os homens, a cada ano, para proporcionar harmonia e qualidade vida para toda a família, responsabilidade de todos, sobretudo se atuarem com uma equipe unida.
Significa afirmar que ao comparar a participação da mulher e do homem nas tarefas familiares em 30 anos de jornada laborativa, elas trabalham para manter a sociedade organizada (família = base de organização social) cerca de 7,5 anos a mais e só tem direito a redução de de 5 anos no tempo de serviço contado para a aposentadoria , pois são exigidos 30 anos de contribuição para as mulheres e 35 anos para os homens, o que significa dizer que eles também são "premiados" com um tempo de aposentadoria relativamente menor do que elas considerando a jornada com as tarefas familiares, porque teoricamente para compensar a diferença de tempo dedicado ao cuidado familiar eles poderiam trabalhar 37,5 anos e, na realidade, podem se aposentar aos 35 anos de contribuição, com um "ganho de menos 2,5 anos de esforço".
Adicione-se a isso as diferenças salariais para menor recebida pela maioria das mulheres, além das dificuldades laborais enfrentadas diante de preconceitos velados e não assumidos que as dificultam a ascender na carreira para alcançar os postos de maiores salários ou a progredir em seus empreendimentos, uma vez que há pesquisas recentes que mostram que as mulheres tem maior dificuldade de acesso aos créditos bancários e quando os obtém pagam juros mais altos, segundo a Rede Mulher Empreendedora.
Além disso, agrava esta situação, a quantidade de famílias chefiadas por mulheres no Brasil e no mundo (nos EUA eles também vivem essa mesma situação há muito tempo - vejam, por exemplo, a motivação da marcha 1 milhão de homens negros em Washington em 1995). Essas mulheres trabalham, em média, 15 anos a mais ao invés dos 7, 5 anteriormente mencionados para as mulheres que possuem cônjuge.
Considerando o exposto e o Objetivo 5 da ONU de Desenvolvimento Sustentável (Alcançar, no mundo em 2030, a igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas), fica o convite para que cada um de nós promova a mudança de hábitos sobre cuidados familiares em nossos lares e contribua para transformar a sua família em uma equipe unida e vencedora, alinhando coletivamente a percepção sobre o bem estar a ser proporcionado a todos, compartilhando - equitativamente entre todos os membros - responsabilidades pelo provimento financeiro, emocional e operacional por este bem estar desejado, respeitadas as singularidades, possibilidades e limites de cada um, sem deixar de reconhecer e recompensar os esforços individuais na justa medida de sua contribuição coletiva.